quarta-feira, 2 de março de 2011

Limites do Corpo

Na maratona feminina dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Estados Unidos, 1984, uma atleta entrou no Coliseu cambaleante, o corpo curvado e tombado para a esquerda. As pernas tortas pareciam que não iriam suportar o peso daquela atleta de 39 anos. Os braços mexiam lentamente, num compasso desordenado. A expressão no rosto era de dor, sofrimento e ansiedade. A mesma que se verificava nos rostos perplexos de cada um dos cerca de 80 mil espectadores que estavam presentes no estádio. E a suíça Gabriele Andersen Scheiss continuava no seu passo lento e sofrido.
Apenas os últimos metros a separavam da linha de chegada, depois de percorrer outros 42 mil. Parecia impossível chegar lá. Médicos e auxiliares tentaram tirá-la da pista, mas, num esforço supremo, com todas as forças reunidas, ela repelia os gestos de salvamento. Queria vencer o limite. Exausta, desidratada, demorou mais de sete minutos para percorrer os últimos passos de seu destino. Sete minutos que pareciam mais de sete horas para seus compatriotas, que ligavam incessantemente para as redes de televisão para pedir que a tirassem da pista. Não podiam, Gaby queria chegar ao final. E conseguiu. A linha de chegada foi a fronteira para o colapso e depois para a história. A estréia da maratona feminina em Olimpíadas não escreveu o nome da campeã, a norte-americana Joan Benoit, nos anais das glórias olímpicas. Lá está registrado o de Gabriele Andersen-Sheiss, a 37° colocada entre 44 corredoras. O fato é considerado, até hoje, um dos maiores exemplos de perseverança, gana e espírito olímpico.

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